A visão holística do atual mercado fonográfico não é lá tão animadora, já que poucos são os grupos e ou artistas que merecem o prestígio e, principalmente, o honroso e suado dinheiro dos fãs por conta de obras artísticas e apresentações ao vivo aquém do esperado e desejado. Todavia, e na contramão da afirmação anterior, há um grupo seleto em que toda a estima, admiração e investimento dos fãs são pertinentes e compensados por pautarem suas apresentações e criações artistas no mais alto padrão de qualidade.
Como não poderia ser o diferente, o universo heavy metal se vale da realidade apontada nas linhas anteriores, e no seleto hall dos exemplos positivos e prósperos está a banda alemã, Accept, que vem, desde seu retorno aos palcos em 2009, presenteando seus fieis seguidores com ótimos álbuns de estúdio e fenomenais apresentações ao vivo, como a de ontem (11) no Teatro Rival, Rio de Janeiro, que primou pela pura maestria, simpatia e elegância.
Em divulgação ao mais recente disco de estúdio, o ótimo The Rise of Chaos, o Accept aportou na capital fluminense com a responsabilidade de mostrar aos fãs que toda a atenção, apoio e carinho voltado ao grupo os retornam em forma de espetáculos impecáveis. E de tal forma, irrepreensível, que Die by the Sword ecoou para os seguidores da instituição alemã do heavy metal que tiveram a feliz decisão de comemorar os novos e antigos clássicos da banda.
Os novos clássicos vieram, sem demora, representado pela ótima Stalingrad enquanto os antigos, também sem delonga, chegou sob os riffs marcantes da festejada Restless and Wild. A experiência e o ás na manga de possuir uma discografia essencialmente imaculada contribuem, e muito, para uma apresentação versada no status de imperdível, já que ignorar e desprezar a oportunidade de apreciar ao vivo e cores o bê-a-bá do metal germânico como as pérolas London Leatherboys e Princess of the Dawn é uma tarefa para lá pesarosa.
A volta do Accept com o ótimo e simpático vocalista, Mark Tornillo, ainda reverbera discussões acaloradas entre os fãs, onde uma parcela jura de pé junto que a primeira encarnação da banda é a irretocável e a que mais brilha na extensa discografia dos alemães, no entanto, tem outra turma que defende, com unhas e dentes, diga-se, a nova formação da banda. Mas seja qual for a preferência dos fãs, é notória a satisfação e a alegria dos chefes Wolf Hoffmann (guitarra) e Peter Baltes (baixo) – completa a banda os ótimos músicos Uwe Lulis (guitarra) e Christopher Williams (bateria) – em ver o Accept em grande forma espalhando sua música aos quatro cantos do planeta.
O novo álbum, o já citado The Rise of Chaos, compareceu com a pesada homônima ao disco; sob os riffs cadenciados de Koolaid; na locomotiva No Regrets e no rock n’ roll bonachão de Analog Man. O momento mais intimista do show ganhou as melodias de Shadow Soldiers, com direito ao coro emocionante do público carioca ao acompanhar as linhas de guitarra e solos de Wolf Hoffmann.
Numa viagem ao tempo, o grupo rememorou temas oitentistas como Midnight Mover, Up to the Limit, Living for Tonite, Fast as a Shark e Metal Heart, que, como era de se esperar, encontraram uma incrível sinergia e harmonia aos sons novos como a energética Final Journey e a pesada e já clássica Teutonic Terror. O ‘grand finale’, como não poderia ser diferente, fora com o hit metálico Balls To The Wall, o qual teve a participação maciça dos fãs cantando o grudento refrão.
Em pouco mais de uma hora e meia, o Accept mostrou aos fãs cariocas o porquê de estar naquele citado grupo seleto de artistas que valem a pena serem tratados com o máximo de estima e apreço, afinal, são poucos os que conseguem instaurar uma festa metálica com o talento e elegância dos alemães.